terça-feira, julho 10, 2012

O conteúdo e a manchete (Homenagem a Ronaldo Cunha Lima)


Dizem que na vida, para se obter êxito, é preciso ter conteúdo e sorte. Ronaldo Cunha Lima tinha os dois. Órfão de pai, foi criado com humildade pela zelosa mãe Nenzinha Cunha Lima, que o ensinou desde cedo a estudar e trabalhar. Foi a mãe que até falecer, serviu de oráculo e fortaleza, dando-lhe conselhos preciosos, inclusive para suas atividades políticas. De jornaleiro, correspondente de banco e garçom, a vereador, deputado estadual, prefeito, governador, senador e deputado federal, Ronaldo fez um percurso de vitórias e reveses, sem atalhos. No meio do caminho, formou-se em Direito, apaixonou-se pela poesia, fez vários amigos e formou sua família. Filiado ao antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), teve sua primeira decepção política em 1969, quando eleito prefeito, teve seus direitos políticos cassados por conta da ditadura militar. Após sua anistia, candidatou-se a prefeito de Campina Grande, administrando a cidade de 1983 a 1989, de onde saiu para ser governador da Paraíba. Neste momento, vivia o auge de sua vida pública, com o filho Cássio Cunha Lima, deputado federal e o Maior São João do Mundo, evento criado por ele, responsável por posicionar Campina Grande, como importante roteiro no calendário turístico nacional. Participando do programa Sem Limites na extinta rede Manchete, Ronaldo conquistou o Brasil, respondendo sobre a vida e a obra de Augusto dos Anjos de forma rimada. Na vida de Ronaldo Cunha Lima, o conteúdo fez a diferença, principalmente nos dias atuais, em que vê-se com freqüência políticos que caem de paraquedas, sem preparo intelectual e muito menos vocação. Como se não bastasse a bagagem, o poeta teve principalmente sorte; a sorte de ter uma mãe que sempre lhe profetizou bênçãos e que um dia lhe disse que como jornaleiro, ele estava anunciando a manchete, mas que se estudasse e se dedicasse à profissão que viesse a escolher, um dia ele seria manchete.

sábado, abril 07, 2012

SENSIBILIDADE E CORAGEM (Ao amigo Régis Lima, funcionário do Jornal Correio, que morreu esta semana aos 39 de idade).

Em meio ao turbilhão do cotidiano, muitas vezes negligenciamos ou deixamos de nos preocupar o suficiente com os amigos sobre os quais deveriamos lançar um olhar diferenciado, não por considerá-los melhores que as outras pessoas que conhecemos, mas justo pelo fato de chamá-los de amigos.

Amizade não é feita de bate-papo, afinidade, tapinha nas costas, favores ou elogios, embora a gentileza deva ser uma constante na condução das nossas relações. Amizade requer duas coisas difíceis: sensibilidade e coragem.

Sensibilidade para enxergar o raio de sol que o sorriso do seu amigo irradia ou a tempestade que ele tenta esconder, em alguns casos, as duas coisas. A coragem é necessária para que possamos valorizar e retribuir todos os dias ao sorriso de alegria que nosso amigo nos dá e também para despertá-lo do sorriso triste, antes que ele sucumba às intempéries.

Se não formos movidos pela sensibilidade e a coragem, estaremos construindo relações “liquidas”, causando impressões superficiais nas pessoas e consequentemente, sendo vazios.

O pior é que só percebemos isto, quando já é tarde, quando ele foi tragado pela tempestade. Só quando não há mais o que fazer, compreendemos que o sorriso do nosso amigo possuia vários significados, e o quão fomos insensiveis à tristeza e a alegria de um sorriso que agora nos deixa saudosos.

terça-feira, janeiro 03, 2012

Falta de amor

Da mesma forma que a falta de compromisso com o voto é perniciosa para o exercício da cidadania e a democracia plena, é a falta de amor. Isso mesmo, a falta de amor ao próximo alimenta uma relação permeada por falta de respeito e rancor, também na política.

De um lado, um eleitor revoltado, cansado de ouvir promessas não cumpridas, amaldiçoa genericamente os políticos. Do outro, políticos oportunistas, ignoram seus eleitores, deixando de trabalhar pelo coletivo, em prol exclusivamente dos interesses pessoais.

Se ao invés de achincalhar e odiar os políticos, os eleitores passassem a acompanhar seus mandatos, colaborando com dicas, solicitações e cobranças de forma construtiva, estariam contribuindo para o amadurecimento da democracia de forma efetiva.

Curiosamente desenvolvem uma relação doentia com os candidatos e representantes, falando mal, dizendo que não estão nem ai, que todos calçam 40, e deixando de exercer o poder do discernimento e da escolha consciente. Alguns eleitores, voltam até a votar nas figuras que criticam, alegando terem poucas opções.

Na raiz de todo esse comportamento do eleitor “analfabeto político” está o do cidadão irresponsável, do ser humano incapacitado para o amor, para pensar coletivamente, para agir, se doar e exigir amor. Na falta de amor do eleitor com a política, está a causa da existência do mau político, do corrupto e do parasita, e não a conseqüência, como muitas vezes podemos pensar.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Falta de compromisso

Em 2012, ano de eleições municipais, devemos mais do que nunca refletir sobre o poema “Analfabeto Político” de Berthold Brecht. Bastante conhecido e citado, principalmente por eleitores e políticos de ideologia socialista, o poema do dramaturgo alemão trata-se de uma constatação óbvia, mas muitas vezes deixada de lado por apatia ou em prol de interesses pessoais.

Apesar de todo mundo saber que as decisões políticas interferem diretamente no cotidiano, o eleitor prefere deixar-se seduzir por discursos demagógicos, promessas de empregos ou simplesmente lavar as mãos, optando por votar nulo.

Num dos trechos, Berthold diz que o analfabeto político se orgulha em dizer que odeia a política. Não vê que com isso, sentencia sua ignorância e falta de compromisso diante de si e dos outros. Deplorável é depois das eleições, saber que ele irá reclamar dos eleitos, jactando-se de não ter votado neles e de não confiar nos políticos.

Para esse analfabeto político e para os que vendem o voto, independente da religião ou classe social, o recado é simples: para mudar a realidade social é preciso participar ativa e atentamente de todas as etapas do processo democrático, e não desistir nunca de tentar alterar o meio, começando por si mesmo. Política é coisa séria!
Falta de compromisso

sexta-feira, outubro 14, 2011

A tradução da modernidade

Campina Grande não está entre as poucas cidades que exibem a exuberância do litoral paraibano, um dos mais bonitos do Brasil, também não possui diferenças naturais significativas, as belezas que encantam turistas no Brejo, Sertão e Cariri. Situada no Agreste, Campina Grande se destaca e seduz seus filhos e visitantes por algo que está além do visível - pelo seu poder de transformação. É na Rainha da Borborema, onde “as coisas acontecem”, onde grande parte dos fatos sócio-politicos são definidos, onde a economia se expande e o futuro se antecipa. Daí o sentimento de grandeza do campinense.

Foi em Campina Grande que figuras como Elba Ramalho e Jackson do Pandeiro se projetaram para o sucesso e onde várias famílias do Sertão fincaram raízes, contribuindo para o desenvolvimento econômico da cidade. É o lugar onde brejeiros, caririzeiros e paraibanos de todo o Estado, estudam, tratam de sua saúde, trabalham e se divertem.

Os estabelecimentos de saúde e educação são os mais requisitados. Dentre as universidades, a UFCG alcançou a 38ª colocação no ranking Top Universities entre as melhores universidades da América Latina em termos de produção científica.
Na árvore genealógica política do Estado, Campina Grande tem vários sobrenomes de destaque, tanto de famílias tradicionais, como novas forças políticas.

A cidade tem os dois dos maiores clubes de futebol do Estado, além de atletas de fama nacional, como Marcelinho Paraiba e Hulk, recentemente escalado para a Seleção Brasileira. Apesar da tradição futebolística, Campina é pioneira na prática do downhill no Nordeste.

Na Serra da Borborema, a diversidade fica nítida também na religião. Na cidade é realizado um encontro ecumênico, sui generis no Brasil – o Encontro para Nova Consciência – e um dos maiores eventos evangélicos do país – O Encontro da Consciência Cristã. Há igrejas, sinagogas, centros espíritas, famosos terreiros de candomblé, templos de meditação budista, e solitários remanescentes adeptos das Borboletas Azuis que até bem pouco tempo, ainda transitavam pelas ruas da cidade.

Em Campina Grande, a feira central repleta de objetos, modos e símbolos incomuns aos dias atuais é o charmoso contraponto aos projetos e pesquisas desenvolvidos nas universidades da cidade higt tech. E no Parque do Povo, feirantes e estudiosos comemoram uma das maiores festas populares do Brasil, transmitida este ano, ao vivo, para vários países através da Record News.

Aos 147 anos, a cidade é conhecida em todo país, principalmente pela sua festa junina – o Maior São João do Mundo e pelo recente avanço tecnológico. Justamente nestas duas referências está o paradoxo e a chave para explicar o poder de atração da cidade: tradição e modernidade traduzidas em desenvolvimento.

domingo, julho 31, 2011

Por que que as mulheres traem?

Eu poderia começar este post escrevendo porque algumas mulheres não traem, mas vou pelo caminho mais fácil, afinal a maioria trai sim e como muito, mas muito mais habilidade que os homens. Mas vamos ao desafio lançado pelo blogueiro Ronaldo Magella no Twitter.

As revistas femininas e experts de plantão dizem que as mulheres traem por vingança. Para dar o troco no namorado galinha, no marido infiel. Em alguns casos, isso infelizmente é verdade.

Mas existem as mulheres que traem pelo que justificam como “necessidade” para fugir do feijão com arroz de casa. Daquele cardápio meia boca que alguns maridos impõem à esposa enquanto regala as “amigas” nas puladas de cerca.

Sem atenção, cansadas de cobranças e até agredidas física e verbalmente – depois de terem sucumbido ao estilo de vida do marido e se dedicado com paciência – buscam na infidelidade, o lado A de uma relação: “beijinhos e carinhos sem ter fim”. O amante é bonito, rico, carinhoso, cheio de tesão, não reclama e não faz cobranças.

Claro que há as que estão cheias de mimos, carinhos, atenção, amor e presentes do marido, mas preferem o ricardão da rua ao lado. Talvez sejam em menor número. Traem só para variar, porque precisam de um otário para bancá-las e um gigolô para ficar com o troco.

De modo geral, para responder a pergunta do blogueiro, sinceramente, não sei. Não tenho opinião formada porque não sou sexista. Suponho que como ele considera em relação aos homens, a traição feminina seja motivada pela mesma coisa: autoafirmação. E acrescentaria imaturidade, insatisfação diante de si, do outro e do mundo, vaidade, carência e impulsividade sexual mesmo.

Homens, mulheres, somos todos iguais no pior e no melhor...nas histórias de amor e desamor, geralmente não há mocinhos e nem bandidos.

terça-feira, junho 21, 2011

O “magiar” da Rainha

Há personalidades ou homens comuns que pelos seus feitos ou carisma, são como ruas, praças, parques e símbolos de uma cidade. São patrimônios imateriais que nos dão um sentimento de pertencimento maior que qualquer livro de história. Neste perfil, se enquadra perfeitamente o húngaro Janos Wathy Tatrai, ex-técnico do Treze e do Campinense e de vários times brasileiros e do exterior.

Com 89 anos, o húngaro natural de Vszprèm possui uma história de vida repleta de lances inusitados, desafios e conquistas. Depois de ter sobrevivido a 2ª Guerra Mundial, chegou ao Brasil em 1953, onde trabalhou como cozinheiro, corretor de imóveis, vendedor de bijuterias e no setor de turismo, caindo de pára-quedas no futebol.

Convidado casualmente para comandar um time de futebol, descobriu sua paixão pelo esporte, tanto que mesmo depois de se aposentar dos gramados, o húngaro passou a agenciar jogadores. Como empresário, destacava-se por sua conduta ética e prestigio junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e aos grandes times.

De luto, o futebol reverencia o velho gringo, cidadão honorário de Campina Grande, cuja figura elegante e sorriso largo, impresso em tempo integral em sua face, ficará na memória dos amigos ou dos campinenses que simplesmente se deparavam com ele passeando pelas ruas de Campina, cidade pela qual fazia questão de declarar seu amor.

Em entrevista há cerca de cinco anos a um site de esportes, o magiar Tatray disse que nasceu duas vezes. "Nasci em Vszprèm... Nasci de novo no Brasil... essa Campina Grande é minha Vszprèm".