segunda-feira, setembro 29, 2008

Sem direito à devolução

O povo não tem idéia do poder e da responsabilidade que possui, o poder de escolher o gestor de sua cidade por um período de quatro anos. E esta decisão não pode ser tomada de maneira irresponsável. Deixar-se corromper pela compra de voto é crime do ponto de vista legal, moral e religioso.

Na sociedade capitalista, quase tudo é colocado à venda, as relações econômicas são baseadas na compra e na venda de produtos e de bens de consumo. E deixando de lado as discussões sociológicas sobre o sistema e seus impactos maléficos, nisto não há crime. Agora transferir a lógica do mercado para comprar consciências é o grau máximo da corrupção a que um político pode chegar.

Trata-se de uma abordagem humilhante que deveria ser rechaçada pelo cidadão que não compactua com práticas perniciosas à democracia. Não há dinheiro que pague o valor de um voto, menos ainda as migalhas oferecidas às escondidas em bairros carentes responsáveis pela manutenção de uma indústria da miséria.

Quem compra voto comete crime de atentado contra a dignidade humana, e quem aceita, não tem direito à devolução do produto.

sábado, setembro 13, 2008

É melhor prevenir!

A juíza federal Cristina Maria Costa Garcez, membro do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) e presidente da Comissão encarregada da geração de mídia, declarou hoje pela manhã que é contrária a convocação de tropas federais para as eleições municipais. O posicionamento é oposto ao do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, e do bispo de Campina Grande Dom Jaime Vieira Rocha, ambos bastante conhecedores das virtudes e fraquezas do seu rebanho.

A convocação de tropas federais para garantia da ordem e da tranqüilidade da população na véspera e no dia das eleições municipais em Campina Grande foi defendida ontem pelo Bispo Diocesano, dom Jaime Vieira Rocha.

Segundo ele a necessidade de convocação de tropas federais se justifica pelo fato de, costumeiramente, as campanhas eleitorais em Campina Grande serem radicalizadas. “As eleições são transformadas em praça de guerra, o que representa uma vergonha e um atraso. O que deveria ser uma demonstração de cidadania se transforma em pretexto para atritos físicos e verbais; por isso, as tropas federais são necessárias para o bem de todos”, justificou o bispo campinense

É bom lembrar que quando estamos lidando com paixões suscitadas pela política, e diante de apelos passionais, todo cuidado é pouco. Na condição de pastores que conduzem o rebanho no caminho do bem, os religiosos têm autoridade para opinar e suas impressões precisam levadas em consideração.

terça-feira, setembro 09, 2008

Sem final feliz

Às margens de uma extensa floresta existia – há muito tempo – uma cabana pobre, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria. Na casa do lenhador não havia comida para todos e a madrasta convenceu o marido a abandonar as crianças na mata.

Sozinhos, os irmãos cairam nas garras de uma bruxa que tinha como objetivo comê-los. Um dia quando ela preparava o forno, Maria a empurrou e rapidamente trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse queimada. Ao voltarem para casa, encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos. Quando viu João e Maria, o pai correu pra abraçá-los e os três foram felizes para sempre.

Na última sexta-feira, o pai e a madrasta de dois garotos de 12 e 13 anos, mataram, esquartejaram e atearam fogo nos filhos. Depois, jogaram pedaços dos corpos em sacos de lixo. Eliane Aparecida Rodrigues e João Alexandre Rodrigues já tinham sido denunciados por negligência e maus-tratos contra desde 2005.

O crime ocorreu em Ribeirão Pires (SP), na noite de sexta, horas depois das crianças terem sido levadas à delegacia por um guarda-civil que as encontrou abandonadas na rua na noite anterior. Os meninos disseram ter sido expulsos de casa pela madrasta.

O Conselho Tutelar foi acionado, mas as crianças foram levadas para casa.Por causa das denúncias contra os pais, de 2007 até maio deste ano, os irmãos ficaram em um abrigo, mas foram devolvidas à família. Uma psicóloga teria assinado um laudo alegando que as crianças inventavam as histórias. Desde este tempo, os garotos pediam socorro.

O relato lembra o conto de João e Maria, mas diferente daquele, trata-se de uma história real, com personagens de verdade e que não teve um final feliz.

quinta-feira, setembro 04, 2008

A voz da democracia

A inventividade popular não tem limites. Em lugar de infringir leis, o povo encontra formas de driblar estas imposições de maneira criativa e “legal”. Os maiores exemplos vêm sendo observados nas eleições de Campina Grande. Com a proibição das carreatas, as pessoas aderiram maciçamente à participação nas passeatas. Nunca se viu tantas e com tão numerosa quantidade de gente.

Mais recentemente, os fogos de artifício também foram proibidos. E novamente, a força do povo criou uma maneira de expressar sua vontade: instaurou a modalidade do apitaço. Nos mais recentes eventos políticos, os apitos foram usados por adolescentes, adultos e idosos.

Diante da restrição de sonorização mecânica em locais como igrejas, escolas e hospitais – determinação mais do que justa – a voz do povo novamente falou mais alto. Após se distanciar destes pontos, os participante dos eventos políticos entoam as músicas de campanha no gogó, com potência suficiente para animar o evento e não incomodar o sossego dos prédios públicos.

Ocorre que em alguns estabelecimentos, empregadores e empregados acabam sucumbindo à campanha silenciosa, mas não menos empolgante, como são as paixões suscitadas pela política. E desta forma, nasce em Campina outra forma de expressar suas convicções ideológicas: a chuva de papel picado.

No coro popular, pessoas de todas as idades e classes sociais lançam mão de táticas, aproveitando racionalmente as ocasiões para objetivação dos desejos e da necessidade de expressão, renovando e fortalecendo o verdadeiro sentido da democracia.