quarta-feira, julho 30, 2008

Aprendendo a lição


A programação do 33ª edição do Festival de Inverno de Campina Grande deste ano está bem enxuta. Número reduzido de atrações e locais de apresentação, mas pela primeira vez, após uns cinco anos de instabilidade, o crème de la crème dos espetáculos de teatro, dança e música da atualidade.

Em 10 dias de evento, passam pelo Teatro Severino Cabral, Sesc-Centro e Praça da Bandeira, Naná Vasconcelos, Virgínia Rodrigues, as companhias Urbana e Quartier Latin, La Lune Vagabonde, Denise Stoklos, Carroça de Mamulengos, além de Cordel do Fogo Encantado, O Teatro Mágico, Mundo Livre S/A e outros.

À exceção do Teatro Mágico, as demais atrações não têm exatamente o perfil típico da cultura de massa, e por isto mesmo, oferecem a oportunidade do grande público conhecer outras expressões artísticas, além do trivial. Atrações de todo o Brasil e até do exterior, com o devido espaço para a apresentação de artistas paraibanos.

Deixando de lado, a ladainha anual de falta de recursos e complexo de superioridade em relação ao Festival de Garanhuns, o evento começa a encontrar o caminho do essencial e da maturidade, algo como o que o zen-budismo classifica de “caminho do meio” ou segundo as palavras da diretora do Festival de Inverno, Eneida Agra, “uma lição difícil de ser apagada”.

sexta-feira, julho 11, 2008

Quem é o pai?

A Mesa Diretora do Senado decidiu criar 97 cargos de assessor parlamentar, sendo 81 para cada senador e 16 para cada liderança de partido na Casa. A criação dos cargos com salários de R$ 9.970, e previsão das contratações a partir de agosto, não é segundo o presidente do Senado, Garibaldi Alves, prioritária. O político rio-grande-nortense disse que ter sido contrário à decisão, mas ficou falando sozinho.

Com a péssima repercussão da medida na mídia, senadores alegaram terem atendido a um pedido dos líderes, mas precisamente do senador Efraim Morais (DEM-PB). Adotando esta postura, os integrantes da mesa “lavaram as mãos” creditando a “honra e glória” do projeto ao senador paraibano.

De acordo com eles, há cerca de três meses, Efraim Morais pediu que assinassem o projeto, e que eles o atenderam sem sequer dar ao trabalho de saber do que se tratava. Independente de o projeto ter aval ou não dos líderes e inspiração de Morais, o certo é que os demais senadores não são menos culpados na tomada de uma decisão extremamente inoportuna para o contexto econômico atual.

Todos eles indistintamente passarão a contar com 12 cargos comissionados em seus gabinetes. Considerando que cada cargo pode ser dividido para até quatro funcionários, o total de servidores sem concurso em cada gabinete pode chegar a 48 pessoas. Neste momento, os ingênuos senadores que assinaram o projeto de Efraim Morais sem conhecer o seu teor, farão questão se serem os pais da matéria.

quinta-feira, julho 10, 2008

Realidade Virtual



A desgraça que se abateu sobre a família do pequeno João Roberto Amorim Soares, metralhado quando vinha de carro com a mãe e o irmão de uma festinha infantil, infelizmente não foi a única no Rio de Janeiro. Chama mais atenção pelas circunstâncias em que aconteceu, e pela idade da vítima, mas é mais uma no prontuário policial carioca. Há dois anos, o entregador de pizza Bruno Ribeiro de Macedo, de 19 anos, foi morto por um PM perto da Favela do Jacarezinho, no subúrbio do Rio quando buscava ajuda para o pai.

O rapaz tinha saído de casa às pressas para buscar socorro para o pai, que passava mal. Sem atendimento médico na comunidade, o rapaz saiu da favela de moto, em companhia de um colega, para procurar um táxi na rua mais próxima. Quando os policiais viram os dois rapazes abordando o motorista, deduziram se tratar de um assalto e atingiram Bruno no rosto.

O pai de Bruno, João Rodrigues de Macedo, de 77 anos, acabou sendo socorrido por uma Kombi e foi levado para o Hospital Salgado Filho. Ele morreu no caminho, sem saber o que tinha acontecido com o filho. O policial admitiu que atirou por engano e foi afastado do patrulhamento.

Em recente matéria publicada no Estadão, uma pesquisa revela que a polícia Rio de Janeiro é a que mais mata no mundo desde de 2003, ano em que 1.195 pessoas morreram em conseqüência de ações policiais. A cada cinco homicídios registrados na cidade, um é de autoria da polícia. Nem mesmo a polícia sul-africana, tida como a violenta, faz páreo para os policiais fluminenses. Na África do Sul, em 2003 as mortes decorrentes de confrontos deram o total de 681.

No caso do garotinho João Roberto, os agentes envolvidos na operação que culminou com sua morte ainda insistem em dizer que trocavam tiros com bandidos, desafiando a inteligência da família e tornando o fato ainda mais revoltante.

Para tentar amenizar a imagem de uma Polícia conhecida por primeiro e perguntar depois , o Estado anunciou a realização de um curso de capacitação para os policiais que trabalham nas ruas. O curso que deveria ser um prolongamento do treinamento oferecido durante a formação de soldados, será ministrado através da Internet. É isso mesmo, pasmem! Um curso à distância para policiais que vivem a realidade das ruas cariocas.

Com uma qualificação dessas, as autoridades do Rio dão um recado: - Tranquem-se em suas casas, estudem, divirtam-se, amem e vivam pela rede mundial de computadores, tal como os policiais vão fazer para se reciclar. Fora realidade virtual, salve-se que puder!