quarta-feira, abril 08, 2009

Hora de trabalhar

Quando o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego (PMDB) e outros poucos gestores dizem que não gostariam de falar amiúde nas eleições de 2010, mandam o seguinte recado: Estamos ocupados com a cidade e seus moradores, com a administração pública que se desenrola no presente.

O que os interlocutores não entendem com a recusa é que a estimulação precoce da campanha compromete a gestão, desvia o foco do governante. Neste momento, quando o maior desafio para os prefeitos paraibanos é o de lidar com as diferentes agendas das políticas públicas, tratar de sucessões e pretensões eleitorais significa ignorar as obrigações cotidianas.

Os prefeitos cônscios dos seus deveres estão ocupados em construir arranjos de governança para garantir uma desfragmentação ordenada das ações. Nestes novos formatos de gestão sintonizados com as necessidades do povo.

Através da inclusão de protagonistas de várias instituições e grupos para pensar, discutir e desenvolver ações em torno das principais questões e problemáticas, os gestores têm diagnósticos e perspectivas de soluções muito mais realistas e eficientes. Conseguem desatar nós e satisfazer os munícipes, se credenciando naturalmente para vôos mais altos, cimentados em concretudes e não em especulações fora de hora.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

O FIC fica

O novo subsecretário estadual de Cultura, o artista plástico Flávio Tavares garantiu a permanência do FIC Augusto dos Anjos. Não se poderia esperar outra atitude de um artista comprometido com a cultura e com a sua história. Acima de questões político-partidárias, Flávio sabe que estão as demandas dos artistas paraibanos, homens e mulheres que inscrevem a história cultural da Paraíba.

Ao manter um projeto criado pela primeira subsecretária de Cultura do governo Cássio Cunha Lima, a cantora Cida Lobo, Flávio Tavares demonstra sua disponibilidade para dialogar com todas as vertentes políticas e culturais. Aliás, o fato de ser um artista que transita com desenvoltura em todos os locais, foi decisivo para ser convidado pelo governador José Maranhão para assumir o cargo.

Aproveitando o embalo do que terá continuidade e do que não será aproveitado da antiga gestão na área de cultura, o subsecretário não terá muito trabalho em diagnosticar que um dos principais males dos projetos neste setor, está no amadorismo de alguns coordenadores.

Um dos projetos, que assim como o FIC também deveria ser mantida, trata-se da Lei Canhoto da Paraíba, conhecida como Mestre das Artes. Criada há quatro anos em homenagem a Canhoto da Paraíba, a lei contemplou vários artistas paraibanos, mas nos últimos anos tornou-se bastante hermético para os artistas que tentavam obter o benefício sem a chancela de uma entidade ou um padrinho bem articulado. Em todo caso, tem conserto.

Outras expressões artísticas também se ressentem de apoio, principalmente os artistas plásticos, que ora se vêem representados no subsecretário Flávio Tavares, e precisariam no mínimo, de uma reestruturação dos museus paraibanos, alguns em péssimo estado de conservação e até desativados nos últimos anos.

Pela experiência que tem e depois do levantamento que está fazendo na área de cultura, o novo subsecretário verá que acerta em cheio em manter o FIC e que poderá fazer o mesmo como Mestre das Artes; que na Paraíba há projetos, artistas e talentos em abundância, e que muitas vezes a mudanças positivas dependem apenas de duas coisas: vontade e compromisso.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Falta de entendimento

O que muitos estudantes e pais que recebem benefícios sociais do governo federal não conseguem entender, é que a freqüência vai além da garantia de qualquer “bolsa-família”. De acordo com dados do Ministério Público, o índice de evasão escolar em Campina Grande, ainda gira em torno dos 18% nas escolas da rede pública, percentual que só preocupa os pais quando vislumbram a possibilidade de perder o benefício social.

Nenhuma das desculpas usadas por gestores, estudantes e seus responsáveis para se livrar da culpa que direta ou indiretamente eles têm sobre o problema, será suficiente para justificar um futuro de brasieiros iletrados, sem capacitação para entrar no mercado de trabalho e pior, desconhecedores de noções básicas de cidadania; consequentemente destinado à exclusão.

A conscientização das famílias e dos jovens precisa ser uma preocupação constante de escolas, educadores e principalmente, do poder público. O monitoramento e o trabalho insistente de esclarecimento junto aos estudantes e às famílias precisa ser feito porque principalmente porque para eles, a falta de recursos fala muito mais alto do que qualquer projeção de futuro.

Se para eles, é difícil entender o alcance de uma boa assiduidade escolar; para quem está de fora a compreensão também é limitada. Gestores e educadores, na maioria das vezes, não entendem a urgência que domina o pensamento de famílias desempregadas que precisam se virar para garantir o sustento dos filhos, de famílias para as quais conceitos como planejamento familiar e capacitação profissional são completamente incompreensíveis.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Sem defesa

O vice-presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Pernambuco, o advogado Manoel Bezerra de Mattos Neto, 44 anos, foi assassinado na praia dos Mariscos no município de Pitimbú (PB) sábado à noite por dois homens armados com pistola e espingarda. Há quase 15 anos, Mattos denunciava a atuação de grupos de extermínio nos estados de Pernambuco e Paraíba.

Por causa das denúncias, tornou-se um “cabra marcado para morrer” como se diz na Paraíba, principalmente após ter sido testemunha decisiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), sobre grupos de extermínio, instalada no Congresso Nacional.

Em um dos dossiês preparados pelo advogado foram relacionados mais de 100 homicídios. O conteúdo do documento serviu para desarticular vários grupos, desencadeando a prisão de várias pessoas em Pernambuco.

De acordo com informações da família, o advogado havia passado dois anos sob escolta de agentes da Polícia Federal, mas a proteção foi retirada depois que os policiais avaliaram a falta de necessidade. Como ele, outras testemunhas que denunciaram os mesmos grupos criminosos foram mortos, um deles um agricultor assassinado no meio da rua no município de Pedras de Fogo (PB).

Defensor de uma causa sem defensores, desde 1996 que Manoel Mattos sofria ameaças de morte, a mais recente foi feita o mês passado. Mesmo assim não se escondia atrás de uma mesa, não fez Direito unicamente para prestar concursos e tentar ser um mero cidadão com “estabilidade”.

Sem a devida proteção resguardada às testemunhas – e garantia constitucional – foi morto pela incompetência de uma sociedade hipócrita e covarde, leniente com a impunidade, para a qual denunciar injustiças é crime, a mesma que brevemente lhe outorgará homenagens dando seu nome a alguma instituição ou rua.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Turismo reprovado

A Paraíba não está preparada adequadamente para receber turistas. Em algumas praias de cidades vizinhas João Pessoa, falta até água para quem optar pela locação de uma casa durante a temporada de verão. Na maioria dos hotéis e pousadas do litoral ao agreste, falta o primordial: informação. Não há um perfeito entrosamento no tripé – hospedagem, alimentação e transporte – que garante o sucesso turístico de um local e garantem o conforto esperado pelo turista.

Para quem prima por excelência no atendimento, a nota é baixa, principalmente em Campina Grande, onde não só turistas como consumidores sentem na pele, a antipatia e falta de traquejo dos proprietários e funcionários de lojas e restaurantes.

Quando há um pouco de boa-vontade nas pessoas, peca-se por falta de capacitação, o que deveria ser promovido não só pelo trade turístico, ou gestores públicos, mas principalmente por representantes de entidades comerciais.

Em algumas lojas dos shoppings salvam-se aqueles vendedores que têm a gentileza como qualidade nata e no comércio popular, pessoas que apesar da dureza cotidiana, estão cientes que seu ganha pão, depende também do sorriso no rosto. São exceções.

Infelizmente, independente da suntuosidade do estabelecimento ou da precariedade da loja, sobra apatia, indiferença e falta de habilidade para o atendimento. Não há mapas turísticos suficientes e nem desculpas pelo que está em falta (e falta muita coisa), inclusive conhecimento sobre as potencialidades do Estado.