terça-feira, janeiro 03, 2012

Falta de amor

Da mesma forma que a falta de compromisso com o voto é perniciosa para o exercício da cidadania e a democracia plena, é a falta de amor. Isso mesmo, a falta de amor ao próximo alimenta uma relação permeada por falta de respeito e rancor, também na política.

De um lado, um eleitor revoltado, cansado de ouvir promessas não cumpridas, amaldiçoa genericamente os políticos. Do outro, políticos oportunistas, ignoram seus eleitores, deixando de trabalhar pelo coletivo, em prol exclusivamente dos interesses pessoais.

Se ao invés de achincalhar e odiar os políticos, os eleitores passassem a acompanhar seus mandatos, colaborando com dicas, solicitações e cobranças de forma construtiva, estariam contribuindo para o amadurecimento da democracia de forma efetiva.

Curiosamente desenvolvem uma relação doentia com os candidatos e representantes, falando mal, dizendo que não estão nem ai, que todos calçam 40, e deixando de exercer o poder do discernimento e da escolha consciente. Alguns eleitores, voltam até a votar nas figuras que criticam, alegando terem poucas opções.

Na raiz de todo esse comportamento do eleitor “analfabeto político” está o do cidadão irresponsável, do ser humano incapacitado para o amor, para pensar coletivamente, para agir, se doar e exigir amor. Na falta de amor do eleitor com a política, está a causa da existência do mau político, do corrupto e do parasita, e não a conseqüência, como muitas vezes podemos pensar.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Falta de compromisso

Em 2012, ano de eleições municipais, devemos mais do que nunca refletir sobre o poema “Analfabeto Político” de Berthold Brecht. Bastante conhecido e citado, principalmente por eleitores e políticos de ideologia socialista, o poema do dramaturgo alemão trata-se de uma constatação óbvia, mas muitas vezes deixada de lado por apatia ou em prol de interesses pessoais.

Apesar de todo mundo saber que as decisões políticas interferem diretamente no cotidiano, o eleitor prefere deixar-se seduzir por discursos demagógicos, promessas de empregos ou simplesmente lavar as mãos, optando por votar nulo.

Num dos trechos, Berthold diz que o analfabeto político se orgulha em dizer que odeia a política. Não vê que com isso, sentencia sua ignorância e falta de compromisso diante de si e dos outros. Deplorável é depois das eleições, saber que ele irá reclamar dos eleitos, jactando-se de não ter votado neles e de não confiar nos políticos.

Para esse analfabeto político e para os que vendem o voto, independente da religião ou classe social, o recado é simples: para mudar a realidade social é preciso participar ativa e atentamente de todas as etapas do processo democrático, e não desistir nunca de tentar alterar o meio, começando por si mesmo. Política é coisa séria!
Falta de compromisso