quinta-feira, outubro 16, 2008

Caça às bruxas!



O arcebispo da Paraíba é no mínimo uma figura polêmica! O mais recente alvo de Dom Aldo Pagotto Di Cillo Pagotto foi o queridinho dos católicos, o padre mineiro Fábio de Melo, sucessor do Padre Marcelo no mundo pop. O religioso tem um programa na emissora de televisão Canção Nova onde orienta o público com conselhos baseados na Bíblia Sagrada.

O motivo do queixume de Pagotto está no fato da Arquidiocese da Paraíba não ter sido comunicada sobre a apresentação de padre Fábio no dia 28 deste mês em João Pessoa e ainda incluir em seu material de divulgação, apoio da Comunidade Filhos da Misericórdia que não teria autorizado o seu uso e nem o logotipo.

Deixando qualquer análise sobre o fenômeno padre Fábio de Melo, uma coisa chama a atenção: o posicionamento do arcebispo da Paraíba em relação à diversidade, à reação ao que considera mundano, falso, pecaminoso e às ovelhas desgarradas.

Em outubro deste ano, o religioso despertou a ira do Movimento do Espírito Lilás (MEL), quando segundo a entidade, ele invadiu as instalações de uma sauna destinada ao público gay que ainda seria inaugurada no Centro de João Pessoa. Na Marcha da Maconha, Dom Aldo também não deixou por menos e realizou uma verdadeira cruzada contra a realização do evento. O arcebispo escandalizou-se com a possibilidade de realização da marcha e procurou a Promotoria da Infância e Juventude e outras autoridades para barrar o evento, temendo que ele se tornasse uma apologia ao uso da droga.

No mesmo mês, o arcebispo gravou um spot para ser veiculado em horário nobre alertando o eleitor a não votar em candidato que usa dinheiro de verbas públicas em campanhas políticas. Até ai nada de errado, caso o único candidato à reeleição no segundo turno das eleições paraibanas não tivesse uma denúncia formulada pelos adversários, “de uso do dinheiro de verba pública em campanha”.

Também não haveria problema nenhum se o clérigo também tivesse chamado a atenção para a compra de votos, prática bastante difundida nestas eleições e que ele simplesmente ignorou em sua fala ou se ele não fosse testemunha de defesa no processo que cassou o governador Cássio Cunha Lima no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), acusado de usar milhares de cheques em período eleitoral. Dom Aldo é do conselho de notáveis que fixou critérios para distribuir cheques a micro-empreendedores.

Não haveria nada de errado, se durante seu pronunciamento na televisão, o arcebispo tivesse imprimido um tom mais educativo do que ameaçador, e por fim, caso a inserção televisiva tivesse a chancela da Arquidiocese da Paraíba, e não o patrocínio da ONG intitulada Centro de Desenvolvimento da Atividade Física, Saúde e Cidadania (Cedafisc).

A entidade é responsável pela organização da Corrida de Jegues e tem entre seus diretores Teles Albuquerque, candidato a vereador nestas eleições por um partido aliado ao candidato Rômulo Gouveia (PSDB). Outro detalhe é que apesar de se autodenominar ONG utiliza domínio “com” na Internet.

Neste como em outros episódios esporádicos, alguns que remontam ao tempo em que foi bispo de Sobral (CE), o arcebispo acabou despertando antipatia de várias raças, crenças e gêneros.

Na rede mundial de computadores, proliferam blogs e comunidades no orkut, algumas criticando a postura política, outras comentando sobre a acusação de coação de Pagotto em um processo de abuso sexual em Sobral contra o frei Luís Sebastião Thomaz.

Em um dos maiores jornais do Ceará, “O Povo”, o promotor de Justiça do município, Irapuan Dionísio da Silva Júnior declara que o religioso estava atrapalhando o trabalho do Ministério Público, colocando a população contra as meninas que acabaram assumindo a intenção de seduzir o frei, que antes havia sido acusado. Ainda em Sobral dizem que o clérigo ganhou mais notoriedade por proibir músicas de axé na rádio da sua diocese e ameaçou excomungar quem freqüentava carnaval fora de época.

Diante da participação ativa nos assuntos da Nação Tabajara e poder-se-ia dizer que o religioso é um homem de coragem, um ativo líder religioso e evangelizador. Mas o que dizer do julgamento antecipado que faz das pessoas que não se enquadram no seu perfil de santidade?

Pelo cargo que ocupa, algumas de suas declarações acabam soando inquisitórias, controvertidas e perseguidoras, destoando do amor e do perdão, princípios máximos do cristianismo.

Derrotados e despeitados



Alguns vereadores derrotados nas últimas eleições, ao invés de aproveitar a chance de realizar uma auto-avaliação, fazem a opção mais fácil: passar para o lado do adversário. Além de sentirem-se vingados como a esposa traída ou a amante que levou um pé na bunda, os derrotados vêem no candidato antes hostilizado, o herói e tábua de salvação mais atraente.

Alguns inclusive, tentam negociar “seus” eleitores e com isto, livram-se das dívidas acumuladas durante a campanha. O mais engraçado é que estes candidatos fracassados duplamente – nas urnas e na honra – são aqueles que caem de pára-quedas nas eleições geralmente amparados por um razoável suporte financeiro, e acabam sendo mais paparicados pelos candidatos da majoritária do que companheiros mais antigos de luta.

Mas são gulosos, sejam dissidentes de partidos anteriormente adversários ou tendo chegado na estréia da campanha, julgam-se merecedores de mais privilégios. Alguns destes são verdadeiros atores, encenam um entusiasmo mentiros durante as passeatas, sorriem e posam ao lado do candidato a prefeito que fingem apoiar; outros não conseguem disfarçar o perfil de judas.

Nos dois casos, revelam-se sempre no segundo turno das eleições, quando os ânimos ficam ainda mais inflamados, os egos atingidos, o sabor da derrota amargo demais para suportar a aliança política.

Sem nenhum pudor mudam de lado de forma repentina, num zástras capaz de deixar o eleitor mais volúvel, atordoado. Fazem sem saber uma opção confortável em curto e até médio prazo, mas acabam assinando atestados de desertores para o resto da vida.

Para estes pretensos edis, resta a reprovação dos eleitores que acreditaram em sua matiz ideológica, o desprezo dos traídos, o desrespeito dos cooptadores e a condenação da história onde nunca tiveram vez os derrotados e menos ainda, os despeitados.

terça-feira, outubro 07, 2008

E os óculos?

Com a saída dos candidatos a prefeito Érico Feitosa (PHS) e Sizenando Leal (PSOL), todas as atenções voltam-se para o prefeito Veneziano Vital do Rego e o deputado-federal Rômulo Gouveia. A expectativa dos eleitores que votaram nos candidatos derrotados ou ainda não têm uma opinião formada é de que nesta etapa, a campanha ganhe um tom essencialmente propositivo.

Acusações obviamente serão inevitáveis por causa do clima de acirramento. Em todo caso, algumas denúncias já manjadas e exploradas exaustivamente no primeiro turno deverão ganhar menos repercussão.

A denúncia do “cheque” contra o prefeito e candidato à reeleição, Veneziano Vital, aliás já teria perdido toda a sua força diante de denúncia existente contra o deputado Rômulo Gouveia, acusado de compra de votos nas eleições de 1998, mediante compra de óculos populares.

Apesar de não ter sido explorada por Veneziano, a denúncia contra Rômulo, tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), que desde julho deste ano, acolheu pedido do Ministério Público Federal e reautuou como ação penal o inquérito de n° 2574. Desta forma, o inquérito passou a tramitar no STF como ação penal, sob o número 492.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Eleitoral da Paraíba, Rômulo, na época presidente da Assembléia Legislativa do Estado, prometia consultas oftamológicas e "óculos populares" em troca de votos. Durante a fase de investigação, o parlamentar optou por exercer o direito de permanecer em silêncio e se negou a fornecer material grafotécnico para instruir os autos do respectivo inquérito.

Se o adversário do tucano optar por também explorar o denuncismo e falar nos “óculos”, terá da mesma forma, munição suficiente para neutralizar seu discurso. De outra forma, se Veneziano mantiver a postura do primeiro turno e Rômulo focar sua campanha nas propostas, a tendência é que o número de indecisos diminua. Os eleitores conscientes e ansiosos por propostas sérias, agradecem!