terça-feira, janeiro 18, 2011

Repetição e banalização

Em um dia qualquer da década de 1980, as autoridades policiais e a imprensa, deu-se conta – não necessariamente ao mesmo tempo – de que o número de assaltos, arrombamentos e furtos, havia aumentado e tornado-se corriqueiro em Campina Grande.

Para isso, justificativas não faltaram, algumas bastante preconceituosas. Êxodo rural, inflação, consumo de drogas, falta de investimento na segurança pública e até o crescimento da cidade, sempre estiveram na ponta da língua dos analistas de plantão para tentar explicar o aumento da criminalidade.

Dez anos depois, foi a vez dos homicídios passarem a ser a pautar com assustadora freqüência os noticiários. Novamente, foram apontadas as possíveis causas para o crescimento do crime, por sinal, as mesmas elencadas para explicar os assaltos. Com a entrada do novo milênio, os assassinatos tornaram-se tão comuns que nem todos foram pautados na imprensa local.

Em 2010, Campina Grande registrou quase 200 assassinatos com aumento de 30% em relação ao ano anterior. Apesar da gravidade, as notícias sobre homicídios deixaram de sensibilizar os leitores sob o ponto de vista moral e social, atraindo-o apenas pelo conteúdo espetaculoso em que eles estiverem envolvidos.

Um ano depois, assistimos o aumento da explosão de caixas eletrônicos, principalmente nas cidades do interior, que já contabiliza uma média de 2,5 por dia nos primeiros 18 dias de 2011. Se a estatística se mantiver neste mesmo nível, em pouco tempo, a modalidade criminosa deixará de causar indignação, repetindo o que ocorreu com os demais crimes. Qual será o dia em que autoridades, imprensa e sociedade passarão a refletir e tomar medidas de enfrentamento à violência sem repetir os erros do passado, de maneira profunda e pragmática? (Fernanda Souza)

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