terça-feira, janeiro 27, 2009

Sem defesa

O vice-presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Pernambuco, o advogado Manoel Bezerra de Mattos Neto, 44 anos, foi assassinado na praia dos Mariscos no município de Pitimbú (PB) sábado à noite por dois homens armados com pistola e espingarda. Há quase 15 anos, Mattos denunciava a atuação de grupos de extermínio nos estados de Pernambuco e Paraíba.

Por causa das denúncias, tornou-se um “cabra marcado para morrer” como se diz na Paraíba, principalmente após ter sido testemunha decisiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), sobre grupos de extermínio, instalada no Congresso Nacional.

Em um dos dossiês preparados pelo advogado foram relacionados mais de 100 homicídios. O conteúdo do documento serviu para desarticular vários grupos, desencadeando a prisão de várias pessoas em Pernambuco.

De acordo com informações da família, o advogado havia passado dois anos sob escolta de agentes da Polícia Federal, mas a proteção foi retirada depois que os policiais avaliaram a falta de necessidade. Como ele, outras testemunhas que denunciaram os mesmos grupos criminosos foram mortos, um deles um agricultor assassinado no meio da rua no município de Pedras de Fogo (PB).

Defensor de uma causa sem defensores, desde 1996 que Manoel Mattos sofria ameaças de morte, a mais recente foi feita o mês passado. Mesmo assim não se escondia atrás de uma mesa, não fez Direito unicamente para prestar concursos e tentar ser um mero cidadão com “estabilidade”.

Sem a devida proteção resguardada às testemunhas – e garantia constitucional – foi morto pela incompetência de uma sociedade hipócrita e covarde, leniente com a impunidade, para a qual denunciar injustiças é crime, a mesma que brevemente lhe outorgará homenagens dando seu nome a alguma instituição ou rua.

Um comentário:

Dalmo Oliveira Silva disse...

Crime vergonhoso, Nanda!
Mais uma vez o atraso e a selvageria populem a imagem dos paraibanos.