quinta-feira, julho 10, 2008

Realidade Virtual



A desgraça que se abateu sobre a família do pequeno João Roberto Amorim Soares, metralhado quando vinha de carro com a mãe e o irmão de uma festinha infantil, infelizmente não foi a única no Rio de Janeiro. Chama mais atenção pelas circunstâncias em que aconteceu, e pela idade da vítima, mas é mais uma no prontuário policial carioca. Há dois anos, o entregador de pizza Bruno Ribeiro de Macedo, de 19 anos, foi morto por um PM perto da Favela do Jacarezinho, no subúrbio do Rio quando buscava ajuda para o pai.

O rapaz tinha saído de casa às pressas para buscar socorro para o pai, que passava mal. Sem atendimento médico na comunidade, o rapaz saiu da favela de moto, em companhia de um colega, para procurar um táxi na rua mais próxima. Quando os policiais viram os dois rapazes abordando o motorista, deduziram se tratar de um assalto e atingiram Bruno no rosto.

O pai de Bruno, João Rodrigues de Macedo, de 77 anos, acabou sendo socorrido por uma Kombi e foi levado para o Hospital Salgado Filho. Ele morreu no caminho, sem saber o que tinha acontecido com o filho. O policial admitiu que atirou por engano e foi afastado do patrulhamento.

Em recente matéria publicada no Estadão, uma pesquisa revela que a polícia Rio de Janeiro é a que mais mata no mundo desde de 2003, ano em que 1.195 pessoas morreram em conseqüência de ações policiais. A cada cinco homicídios registrados na cidade, um é de autoria da polícia. Nem mesmo a polícia sul-africana, tida como a violenta, faz páreo para os policiais fluminenses. Na África do Sul, em 2003 as mortes decorrentes de confrontos deram o total de 681.

No caso do garotinho João Roberto, os agentes envolvidos na operação que culminou com sua morte ainda insistem em dizer que trocavam tiros com bandidos, desafiando a inteligência da família e tornando o fato ainda mais revoltante.

Para tentar amenizar a imagem de uma Polícia conhecida por primeiro e perguntar depois , o Estado anunciou a realização de um curso de capacitação para os policiais que trabalham nas ruas. O curso que deveria ser um prolongamento do treinamento oferecido durante a formação de soldados, será ministrado através da Internet. É isso mesmo, pasmem! Um curso à distância para policiais que vivem a realidade das ruas cariocas.

Com uma qualificação dessas, as autoridades do Rio dão um recado: - Tranquem-se em suas casas, estudem, divirtam-se, amem e vivam pela rede mundial de computadores, tal como os policiais vão fazer para se reciclar. Fora realidade virtual, salve-se que puder!

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